JorgeCast S9E3 - Edição Especial da Semana Geek
Aqui neste post você acompanha a pauta do JorgeCast S9E3. Não deixe de visitar o site do JorgeCast para outros episódios
O dia 25 de maio é uma data de muita comemoração para quem aprecia a cultura nerd e geek. O ano de 2021 marca 15 anos desta celebração. Portanto, vamos fazer uma breve contextualização do que se trata e como surgiu essa data. Antes de começar vamos explicar o que significa o termo geek, que pode causar dúvidas e confusões para algumas pessoas. De acordo com o dicionário, geek é um termo usado para descrever uma pessoa “extravagante, estranha e excêntrica”, também se refere a alguém que “pratica um hobby excessivamente e obsessivamente”. Infelizmente durante muitos anos esse termo teve uma conotação negativa, já que era usado para insultar fãs de videogames, história em quadrinho, anime, mangá, etc. O objetivo do “Dia do orgulho Geek” é eliminar o preconceito que existe por essa cultura.
O motivo da escolha desta data foi por vários eventos importantes se consolidarem neste dia. Em 2001 os fãs do escritor Douglas Adams e de sua aclamada obra “O Guia do Mochileiro das Galáxias” instituíram o “Dia da Toalha”. O autor faleceu em 11 de maio de 2001, então um grupo de fãs decidiu fazer uma homenagem duas semanas após esta data, no dia 25 de maio, criando assim o Dia da Toalha (Towel Day). Os ávidos leitores de seus livros devem lembrar que a toalha é considerada um dos objetos mais úteis que um viajante intergaláctico pode ter, ela tem inúmeras utilidades, tais como: pode ser usada como um agasalho, turbante, travesseiro, arma e o mais importante de todos é a segurança psicológica que a toalha dá ao mochileiro. Quando ele percebe que tem a sua toalha sempre junto de si, também conclui que tem tudo o que precisa para uma viagem interestelar.
Além disso, no dia 25 de maio de 1977 foi lançado o filme “Star Wars: Uma Nova Esperança”, sendo este o primeiro lançamento da saga que conquistou milhares de fãs pelo mundo todo. No ano de 2006 cerca de 300 nerds se juntaram para celebrar nas ruas de Madri na Espanha. Em 2008 essa celebração chegou aos EUA e começou a se espalhar pelo resto do mundo. Como nessa data acontecem duas celebrações importantes para o universo geek ele foi escolhido para ser o Dia do Orgulho Geek.
Juntamos alguns geeks da CrazyTechLabs para gravar um podcast conversando sobre a temática. Também escrevi este artigo conectando os diversos tópicos que conversamos nesse episódio de edição especial.
Start Trek (1966)
A série Star Trek foi lançada pela primeira vez, no canal de TV NBC, nos EUA, em 8 de setembro de 1966 sobre uma nave estelar em uma missão de exploração espacial prevista para acontecer durante cinco anos. Hoje em dia, algumas pessoas não gostam muito de assistir essas séries antigas pelos efeitos especiais serem visivelmente forçados pela falta de recursos e tecnologias da época. Por outro lado, essa série foi visionária quanto as ideias, conceitos e usos de inúmeros itens tecnológicos super avançados para época e até mesmo para agora. Eles previram muitas tecnologias que usamos hoje, apesar de ainda não estarmos viajando pela galáxia e encontrando alienígenas. Na série eles recebiam uma impressão que foi enviada de outro lugar, o que futuramente veio a ser conhecido como fax, mas na década de 60 isso ainda não fazia parte da rotina das pessoas. Ainda foram além e mostraram a utilização da impressão 3D.
Um dos destaques que Start Trek trouxe foi a ideia de a computação estar presente em qualquer lugar e com equipamentos eletrônicos com AI. Eles utilizaram computadores pessoais, portáteis como os tablets e computadores com interface de voz.
Além disso também podemos observar o surgimento de portas automáticas, telas grandes, uma comunicação sem fio entre aparelhos próximos, que é o que conhecemos hoje como bluetooth, sendo que na década de 60 eles usavam rádio comunicação. Conectado a isso vemos Uhura, uma das personagens principais da série, usando o primeiro fone de ouvido via bluetooth na série.
A ideia de teleconferência também apareceu nos episódios da série, quando eles faziam uma reunião “virtual” aparecia alguém como um holograma. O conceito de memória portátil, como um USB ou Pen Drive, também surgiu com os personagens utilizando isso.
Em Star Trek vemos dispositivos de camuflagem para mudança de roupa e outras coisas. Uma das inovações tecnológicas mais interessantes que aparece nos filmes é um tradutor universal que faz a tradução em tempo real, possibilitando assim conversar com seres de qualquer planeta. Os personagens conseguiam saber a localização em qualquer ponto do universo, uma ideia de posicionamento global semelhante ao GPS.
2001 - Uma Odisseia No Espaço (1968)
O filme de Arthur Clarke e Stanley Kubrick é considerado uma das mais importantes e influentes obras de ficção cientifica já feitas. Décadas depois do seu lançamento a história do homem que chegou ao espaço parece ser muito mais do que uma história de fantasia. Atualmente o filme é reconhecido pelo seu poder de prever vários acontecimentos. Essa obra épica e futurística não só revolucionou a indústria cinematográfica como também o ramo da ciência.
Neste clássico foram abordados temas como inteligência artificial e evolução humana. Também vemos a ideia de ligação de vídeo, telas dentro de avião para entreter os passageiros, reconhecimento facial e tablets. Talvez o mais impressionante seja a previsão da chegada do homem à lua, que ocorreu no ano seguinte ao lançamento do filme. “2001” tem uma visão filosófica que não havia sido mostrada em filmes de ficção científica anteriormente. Para fazer o filme foram contratados artistas de astronomia, engenheiros aeroespaciais e ex-funcionários da NASA. Essa consultoria rigorosa não apenas criou um senso de precisão científica, mas também produziu uma série de previsões visionárias sobre as tecnologias futuras da humanidade, todas baseadas em possibilidades reais.
Planeta dos Macacos (1968)
Uma franquia americana de filmes, séries de TV, quadrinhos e outras mídias, onde humanos e macacos inteligentes lutam pelo controle. Hoje nos vemos a tecnologia bem popular e forte no dia a dia das pessoas, mas em 1968, ano de estreia do primeiro filme, a realidade era bem diferente. De live-action a série de animação e imagens de CGI, os primatas continuam a assumir novas formas conforme a tecnologia avança desde que a história criada por Pierre Boulle em 1963 foi adaptada pela primeira vez no cinema em 1968. Em um mundo dos macacos pós-apocalíptico, percebemos a presença de um disco magnético dentro da nave e a utilização de GPS para localização. Eles também falam sobre viagem no espaço como se fosse algo corriqueiro e normal. Alguns compararam “2001” e “Planeta dos Macacos”, que estreou uma semana depois, pois este mostrou uma visão diferente do que poderia acontecer com a humanidade no futuro. Um dos pontos na série em minha visão é que ela trazia alguns pontos importantes como por exemplo discos de dados e outros dispositivos, vale lembrar que era a década de 60 e discos magnéticos eram do tamanho de uma sala.
Jetsons (1962)
Os Jetsons é um desenho que se passa no futuro. Dentro daquele universo existiam: carros voadores, viagens que levavam segundos, robôs domésticos, comidas que chegavam voando, prédios que levitavam, etc. Toda a temática do desenho era futurística. É interessante perceber as ideias que eles tinham já na década de 60 de coisas que poderiam acontecer no nosso futuro.
Vemos no desenho algumas tecnologias que temos hoje, tais como: cozinhas bem equipadas, robôs que limpam a casa, smartwatch, chamada de vídeo, entre outros.
Esse desenho trazia desejos que tínhamos e ainda temos. Como o robô que ajuda a limpar a casa, o carro que se transformava em maleta e você saia andando. Hoje vemos bicicleta que se desmontam facilmente, malas que viram um patinete. Tudo isso são inovações tecnológicas que foram criadas para facilitar o nosso dia a dia. Um questionamento interessante que podemos fazer é: Será que os criadores desse desenho eram muito visionários, bem antenados em tendências tecnológicas ou as vontades que eles tinham nos anos 60 são as mesmas que temos hoje?
Blade Runner (1982)
O autor que escreveu o livro que originou esses filmes, Philip K. Dick tinha ideias visionárias e até mirabolantes para a sua época. Novamente, esses livros, filmes e séries mostravam a vontade que nós temos das coisas que a tecnologia poderia proporcionar pra gente.
Possivelmente eles não estavam tentando prever tecnologias do futuro, mas mostrando a vontade que eles tinham de ter algo similar na realidade. Algumas invenções tecnológicas surgem dessa maneira, por uma necessidade da humanidade. Muitas coisas que o autor escreveu foram considerados absurdas e impossíveis. Acredito que ele tinha uma visão muito visionária e futurística que não eram compreendidas naquela época, mas hoje talvez seria bem-vindas. Um fato muito relevante em sua história é que ele era uma pessoa que pensava fora da caixa. Para trabalhar com tecnologia nos vivenciamos isso sempre no nosso dia a dia, para imaginar e criar as tecnologias do futuro é necessário ter essa visão de como seriam as possibilidades lá na frente.
Jogos de Guerra (1983)
Esse filme conta a história de um menino que usa um modem para invadir o sistema do governo brincando com os mísseis de guerra. Podemos conectar esse assunto ao artigo anterior em que falamos sobre o Colonial Pipeline, o ataque de Ramsonware, que aconteceu nos EUA e os dados que mostram o aumento do número de hackers de 2020 até hoje, esse tipo de ataque está ficando comum e atualmente temos como projetar ambientes com mais resistência ou se não com possibilidades de restauração sem que se fique refém realmente.
Jogos de Guerra traz uma reflexão muito atual. Já houve casos de invasão do sistema de escolas e estacionamentos. É preciso reforçar a segurança, pois hoje em dia há muitas empresas em que está tudo conectado. Devemos ter muito cuidado para sabermos de onde estão vindo as informações que recebemos, se são reais ou são meras manipulações ou narrativas tendenciosos.
De Volta Para O Futuro (1985-1989-1990)
A famosa trilogia focou na viagem no tempo, se for para o passado e futuro não pode modificar nada para não alterar os acontecimentos. Os personagens usavam fotos para ver se não tinha mudado nada dentro da linha do tempo da sua vida. Os filmes mostram um pouco das expectativas que eles tinham nos anos 80 para os dias atuais. No filme o futuro era em 2012 e eles tinham expectativas muito altas para o que seria a realidade de hoje. Em algumas tecnologias não conseguimos alcançar o que esperavam. Porém, essa expectativa é bem positiva para nos incentivar a avançar cada vez mais em direção à evolução tecnológica.
Apesar de não terem acertado algumas previsões, como viajar no tempo, outras inovações já fazem parte do nosso dia a dia. Vemos um tubarão holográfico em “De volta para o futuro 2”, o que é bem próximo aos efeitos 3D dos filmes de hoje. Os personagens também aparecem jogando sem usar controles como alguns modelos de videogames, estes que já são populares atualmente. Outra tecnologia prevista foram as possibilidades da biometria que hoje são usadas nas mais diversas situações como: trancar portas, carros e smartphones.
O Vingador do Futuro (1990)
A história do filme se passa no ano de 2084 e tem como protagonista o ator Arnold Schwarzenegger, que estava no auge de sua carreira. Nesse caso fomos surpreendidos com algumas previsões do filme aconteceram muitos anos mais cedo do que eram previstas.
Nesse clássico vimos os carros autônomos, sem humanos no volante. Nos EUA há entregas da Domino’s feitas por carros autônomos. Nos Estados Unidos existem diversas cidades com polos de testes de tecnologia, tais como: San Jose, California e Chicago. Atualmente há alguns estados dos EUA que testam automóveis 100% autônomos. Podemos dizer que já é uma realidade, mas ainda há algumas discussões éticas sobre o uso de AI.
A Casa Conectada / Smart House (1999)
De acordo com a sua criadora, Jessica Steen, a consciência computadorizada incorporada é capaz de fazer quase tudo. PAT: “Personal Applied Technology”, a AI que é centro do filme Smart House, foi um prelúdio para um mundo em que estamos cercados por tecnologia inteligente que muitas vezes estão acabam ficando numa linha entre o empolgante e o estressante.
Neste filme da Disney há uma smart house controlada por uma AI, chamada de “PAT”. Ela cuidava de todas as partes da casa, cozinhando, limpando, verificando a temperatura ideal da casa e as vezes indo longe demais: verificando a saúde das pessoas. Em certo momento do filme começa a ocorrer alguns erros na casa e a história passa a ser meio “boring”. O menino mexe no sistema e remove controles de segurança para tornar a AI mais maternal, mas ela acaba entrando em uma espiral de tirania, medo compartilhado por muitos quando IA vem a mesa nas discussões.
Iron Man (2008)
O personagem Tony Stark é tão dependente e apaixonado por seus dispositivos que tem longas e intensas conversas com eles. Ao longo da saga dos Vingadores, ele desenvolveu várias armaduras. A primeira armadura era literalmente feita de ferro. A última armadura que ele usa em “Infity War” é a Mark L toda feita com nanomáquinas. Nos últimos filmes vemos um Tony Stark que usa nanotecnologia, IA, robótica e uma armadura de exoesqueleto. O Homem de Ferro também possui um laboratório de última geração que faz uso de interfaces de comando de voz, JARVIS (Just A Rather Very Intelligent System). JARVIS mostra um bom exemplo de uma interface de processamento de linguagem natural aplicada. O primeiro “Iron Man” lançado em 2008 trouxe um smart watch para as telas do cinema quando isso ainda não estava no mercado como hoje, era uma novidade e algo bem avançado para se ver em um filme, pois ninguém tinha acesso no dia a dia. O aspecto mais relevante na história do “Homem de Ferro” é a questão da energia limpa auto sustentável, que faz parte do “coração” da armadura, o “reator arc” miniaturizado criado por Tony Stark.
Stark apresentou 50 versões de armadura ao longo de suas aventuras nos filmes. A primeira armadura desenvolvida por Tony Stark, a Mark I, era totalmente analógica. Já a armadura Mark III tem propulsão a jato, integração com JARVIS, videoconferência, displays com informações sobre a armadura. Com Mark III, o “Homem de Ferro” finalmente se tornou o herói que conhecemos. Por fim, a armadura mais recente, a Mark L, usada por Stark no filme “Vingadores: Guerra Infinita” é feita com nanotecnologia, ele se divide em minúsculos fragmentos, que trocam informações com o sistema central de acordo com a sua vontade. Em suma, todos os dispositivos, acessórios, ferramentas, utensílios domésticos, todas as coisas estarão conectadas e trocarão dados entre si.
Matrix (1999)
A célebre trilogia Matrix mostra a possibilidade da extensão da nossa capacidade mental, a investigação e regravação do cérebro humano. Além disso, os filmes falam sobre a questão do controle do cérebro pela máquina e a sua conectividade, que é o sonho de alguns e pesadelo de outros. No filme mostram a possibilidade de plugar um pen drive e conseguir aprender algo ou apagar a memória.
Essa trilogia trouxe algumas questões éticas e filosóficas: qual o limite da tecnologia? Nós conseguiremos saber com precisão até onde podemos controlá-la? Temos a clareza de perceber até onde a tecnologia pode nos controlar? São questionamentos profundos que exigem muita reflexão e debate, talvez veremos isso acontecer no futuro.
Referências usadas para escrever o texto:
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